domingo, 18 de setembro de 2011

Graduações nas Artes Marciais

Assim como tudo neste mundo moderno, me parece que muitos praticantes de Artes Marciais, estão adotando o pensamento de alcançar as coisas de forma rápida e que os resultados são mais importantes do que os meios. Isto em meu ponto de vista, se dá por conta que a maioria dos grandes Mestres do Brasil estão falecendo e infelizmente, as artes estão ficando sem seus mentores e seus sábios conselhos.
Ter uma graduação "alta" no meu ver, necessita além de todo um conhecimento técnico (devidamente comprovado na prática) uma conduta moral impecável, um grande exemplo de cidadão e uma sabedoria "digna" de quem "viveu" intensamente o Caminho do Budo.
A falta de humildade é nítida e é simples de ser notada. Basta fazer uma conta rápida sobre carências e analisar entre quem se importa "em ser graduado" com quem se importa "em aprender de verdade": Por exemplo, para se fazer exame para Shodan (1º grau da Faixa Preta) é necessário que um aluno esforçado pratique seriamente a arte por pelo menos sete, oito anos e fique no mínimo um ano no primeiro kyu (faixa marrom). Para se fazer o exame para Nidan (2º grau da Faixa Preta) é necessário que o praticante fique no mínimo por dois anos no Shodan. Para se fazer o exame para Sandan (3º grau da Faixa Preta) é necessário que se fique no mínimo três anos no Nidan. E, claro, é necessário "passar" nos exames práticos rígidos impostos por uma banca examinadora da entidade. Seguindo este cronograma, um praticante "Bom" tecnicamente e "Muito Esforçado" levará no mínimo quinze anos para se chegar a um Sandan. Daí para frente as graduações se tornam mais difíceis e é exigido muito mais do que carência e técnica, é exigido vivência e comprovação prática do caminho seguido.
É lamentável hoje vermos diversas artes com pseudos "Senseis" com graduações acima de Sandan apenas no papel, oficializados por suas Federações e Confederações. Seriam os antigos Charlatões, mas hoje amparados legalmente.
Claro que isto não se aplica a todos, mas desconfie de "Mestres", "Shihans", "Sokes", "GrandMasters" e vários outros títulos que tenham o intuito de impressionar. Primeiro, para se obter um título, é necessário ter muito tempo de treinamento (um mínimo de trinta anos). Segundo, este título é dado exatamente por comprovação de vários itens, um deles é exatamente a humildade e sua utilidade moral perante a sociedade. Um verdadeiro Mestre não ostenta sua graduação e suas atitudes são sempre exemplo para os mais novos. Um verdadeiro Mestre não para de treinar ou de aprender, está sempre se atualizando, não fala de si mesmo citando seus feitos e, claro, não assina, não se intitula ou chama a si mesmo de Sensei, Shihan ou qualquer outra forma de diferenciação.
Tais graduações e títulos são difíceis de se obter e no caso das artes marciais japonesas, se estas graduações ou títulos não são expedidas por suas matrizes no Japão, no meu ver, podem muito bem terem sido "compradas" nas entidades "legais" aqui do Brasil e neste sentido não tem valor algum para um verdadeiro "Budoka".
Uma das artes marciais que exprimem bem este exemplo e por assim ser, tem um alto grau de credibilidade é o Kendo. Para se ter a graduação de Hachidan (8º grau) e ter o título de Hanshi, é preciso ir até o Japão e lá prestar um exame extremamente rígido, onde o percentual de aprovação dos candidatos é menos de 1%.
Ter uma graduação alta em qualquer arte marcial dentro destes moldes de dificuldade sim, é motivo de admiração, o resto, ao meu ver, é resto mesmo.....
Pense nisso.....

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